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Hoje vou ficar em home office
- 17 de janeiro de 2025
- Postado por: Alessandra Gonzaga
- Categoria: IE no Trabalho
Considerações sobre bem-estar emocional e trabalho remoto (parte 1)
Como a inteligência emocional e a qualidade de vida são afetadas a partir de nossa interação por telas? Que desafios emocionais existem no trabalho remoto? Nessa série de artigos sobre tecnologia e bem-estar emocional vamos falar sobre os efeitos do mundo híbrido em nossos relacionamentos e atividades profissionais.
Que tal começarmos com as reuniões remotas? As estatísticas são impressionantes: diariamente, aproximadamente 670 milhões de pessoas em todo planeta utilizam os aplicativos Teams, Zoom e Meet para meetings com colegas de trabalho ou aprendizado, segundo as empresas provedoras desses serviços. Estimativas mais conservadoras trazem um número de 300 milhões, considerando-se que muitos usuários alternam suas reuniões de uma plataforma para outra.
Em paralelo, há um desejo maior das pessoas em flexibilizarem sua presença nas empresas. Uma pesquisa da McKinsey que ouviu 25 mil americanos no segundo trimestre de 2022, aponta ampla predisposição de profissionais das mais diversas áreas em manter alguns dias por semana ou até a totalidade do tempo em trabalho remoto. Nada menos que 87% dos entrevistados disseram que se pudessem ter a oportunidade de um trabalho flexível, aproveitariam.
Os benefícios da jornada de trabalho híbrida, em que se pode alternar dias presenciais e dias em home office já começam a aparecer em pesquisas sobre tendências do mundo do trabalho, como o estudo da The Work Trend Index, da Microsoft, que entrevistou 31 mil pessoas em 31 países, incluindo Brasil, Canadá e Estados Unidos. De acordo com a pesquisa, são quatro os atributos principais de uma boa empresa para trabalhar, que os funcionários consideram “muito importantes” o empregador prover: uma cultura positiva, a percepção de propósito (significado) no que se faz, benefícios para saúde mental e bem-estar e horário de trabalho flexível. A maior parte desses atributos remete à necessidade que temos de uma vida integrada, com tempo e energia para as diferentes dimensões da existência, em que podemos ser nós mesmos dentro e fora do trabalho. A pandemia deixou claro que nossa vida é mais do que pagar boletos. Precisa ser.
Entre os argumentos para o trabalho híbrido aparecem desde redução de tempo de deslocamento e demais custos associados à ida ao trabalho até maior tempo para cuidar da saúde e da vida familiar. Em outras palavras, as pessoas querem a oportunidade de equilibrar as diferentes prioridades da vida e esperam usar cada vez menos tempo de seu dia em dedicação exclusiva à empresa.
De minha parte, e acredito que também da maioria das pessoas que leem esse artigo, não resta dúvida que a flexibilização proporcionada pela tecnologia é uma vantagem bem-vinda e corroborada. Quer por nós mesmos, que já incorporamos esse estilo de trabalho, quer pelas inúmeras histórias e casos de pessoas e empresas que conhecemos, cujos depoimentos colhidos aqui e ali, apontam tendências do ponto de vista dos funcionários que vão na mesma direção que apontam as estatísticas. “Em casa me concentro melhor para finalizar minhas tarefas”, me disse uma executiva. “Aproveito quando estou em casa para colocar a casa em ordem e me organizar melhor”, disse outra colega.
Mas, se o consenso é claro, por que essa modalidade de trabalho não passa a ser o novo normal e colocamos um ponto final nessa conversa? Por que ainda vemos empresas e expoentes do mundo dos negócios, como a recente polêmica disseminada por Elon Musk no Twitter, defendendo o trabalho exclusivamente presencial, ainda que para atividades administrativas?
Veremos que existe um outro ponto de vista e que nem tudo são flores: há problemas em relação à contribuição do trabalho remoto para uma cultura positiva na organização e até para a efetiva realização de algumas tarefas compartilhadas. Em nosso próximo artigo vamos falar sobre isso.
A proposta da newsletter da Conexão IE é aproximar a inteligência emocional da vida corporativa. Nesse espaço, traduzimos a percepção de lideranças de nossos programas de desenvolvimento socioemocional e analisamos estudos de consultorias globais sobre o comportamento organizacional. Se você gostou dessa reflexão, comente, compartilhe.